Baby Blues e Depressão Pós-parto

08-03-2022

São dois conceitos diferentes mas nem sempre as mães conhecem. 

Os baby blues atingem até 80% das recém-mamãs, e são caracterizados por um estado de tristeza mais leve e "passa" naturalmente nas primeiras quatro semanas após o parto. No entanto, quando não vigiado, avança naturalmente para depressão pós-parto.

A depressão pós-parto é muito mais do que uma simples tristeza passageira. Trata-se de uma doença comum que afecta entre 20 a 35% das mulheres que deve ser vigiada e tratada. Não só porque pode "roubar" à mãe a oportunidade de desfrutar daquela que é para muitas mulheres um dos momentos mais felizes da sua vida, mas também porque perturba o bem-estar da mãe e, possivelmente, do seu bebé.

Não podemos colocar a culpa apenas nas hormonas (estrogénio e progesterona), embora as alterações hormonais se relacionem efectivamente com alterações do humor. A depressão pós-parto deve-se a uma combinação de uma série de factores, designadamente biológicos, psicológicos, familiares e socioeconómicos.

Sabemos hoje que um dos principais precursores da depressão pós-parto é a ansiedade que está associada à gravidez. Por norma os primeiros sinais de depressão pós-parto começam durante a gravidez. Devem-se ter em conta estados de ansiedade e história psiquiátrica da mulher antes e durante a gravidez,. No entanto, mesmo que tenha havido uma gravidez tranquila e sem oscilações emocionais graves, é possível a mulher desenvolver depressão pós-parto e por isso se familiares e amigos notarem que a recém mamã poderá estar a passar por esta fase, ajudem-na de forma a que possa ser acompanhada por um profissional competente.


Sinais e sintomas da depressão pós-parto

Os sintomas da depressão pós-parto iniciam-se normalmente nos primeiros três meses após o parto, mas podem aparecer nos 18 meses subsequentes e são em tudo semelhantes aos de uma depressão, incluindo:

  • Irritabilidade e choro fácil
  • Tristeza prolongada (mais de duas semanas)
  • Falta de energia
  • Incapacidade de realizar tarefas do dia a dia
  • Desinteresse pelo bebé ou ansiedade exagerada pelo seu estado de saúde
  • Baixa autoestima e perda de confiança
  • Sensação de culpa, vergonha ou fracasso
  • Dificuldade de concentração, atenção e memória
  • Alterações do apetite e do sono
  • Ideias de morte ou suicídio

Factores de risco para a depressão pós-parto

Embora qualquer mulher possa ter uma depressão pós-parto, há circunstâncias que aumentam esse risco, tais como:

  • História pessoal ou familiar de depressão
  • Depressão durante a gravidez
  • Ansiedade durante a gravidez (ainda mais importante do que a depressão)
  • Complicações na gravidez ou no parto
  • Parto anterior traumático
  • Perdas gestacionais anteriores
  • Falta de apoio familiar
  • Má relação conjugal
  • Ser mãe de prematuros ou de gémeos
  • Gravidez indesejada


Dicas para prevenir a depressão pós-parto

  • Dormir e descansar o máximo que conseguir

Quando o bebé estiver a dormir, a mãe poderá dormir também.

Pode aproveitar as visitas para dormir ou para tirar algum tempo só para si, fazendo algo que goste ou apenas tomar um banho mais relaxado. 

  • Dividir os trabalhos domésticos e os cuidados ao bebé

A casa é algo secundário de momento. Se a mãe conseguir ajuda de outros membros da família para limpar e organizar a casa é o ideal ou, pelo menos, delegar essas tarefas para o companheiro/pai do bebé.

  • Não dar ouvidos às críticas

Vão haver sempre comentários e opiniões que por vezes poderão ser desconfortáveis, incomodativas e até maldosas, mas o melhor nesses casos é tentar relevar para evitar discussões, pressão pela perfeição e culpa. 

Se a mãe tiver familiares/colegas/vizinhos/amigos que minem constantemente a sua vida com discursos pouco ou nada proveitosos, é caso para pensar num afastamento gradual de pessoas tóxicas.

  • Não tentar ser perfeita

Todas as mulheres já tiveram dúvidas, mesmo que não o confessem. Eleger o que é realmente importante e reduzir a exigência é o melhor caminho. Esclarecer dúvidas, verbalizar os seus sentimentos e pedir ajuda não é sinal de fraqueza. 

E lembrem-se: vocês não estão sozinhas! Muitas mamãs passam exactamente pelo mesmo que vocês.

Fontes:
- https://www.cuf.pt/
- https://www.saudebemestar.pt/
- https://www.msdmanuals.com/



© 2022  Sofia Marques |  Terapeuta de Mães e Bebés
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